domingo, 30 de janeiro de 2011

LIÇÃO 05 - Sinais e Maravilhas na Igreja

Texto Bíblico: Atos 3.1-11.

INTRODUÇÃO

I. Sinais e Maravilhas, a ação sobrenatural da Igreja
II. O milagre na Porta Formosa
III. O milagre abre a porta da Palavra


MILAGRE: UM SINAL ATUAL

Professor, o sobrenatural é um dos pilares da doutrina cristã. A vida ministerial de Jesus Cristo foi permeada pelos eventos sobrenaturais: o seu nascimento virginal; seu ministério com variedades de milagres; sua ressurreição física dentre os mortos; e sua ascensão corpórea ao céu. Estes são alguns dos numerosos eventos sobrenaturais do verdadeiro cristianismo bíblico.
O Cristianismo histórico, sem o elemento sobrenatural, não passaria de uma religião vã. Sobre esta questão o apóstolo Paulo assevera: E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. [...] E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.14,17,18).
A nossa denominação é considerada hoje a maior Igreja Evangélica do Brasil porque os seus pineiros creram no sobrenatural de Deus e, com autoridade, pregaram ousadamente a atualidade dos milagres divinos.
Por isso, prezado professor, desenvolva o conceito bíblico de MILAGRE na introdução da lição. 

O que é Milagre

No Antigo e em o Novo Testamento, há três termos que descrevem um “milagre”. São eles: Sinal, Maravilha e Poder. Nessa oportunidade nos deteremos ao termo Sinal.
No Antigo Testamento, esse termo apresenta algo ordenado por Deus com uma significação especial, como por exemplo: a libertação de Israel através de Moisés (Ex 3.12). Deus prometeu que libertaria o povo israelita das mãos dos egípcios através de seu servo Moisés. Este O serviria no Monte Horebe.
Em o Novo Testamento o termo “sinal” se refere aos milagres de Jesus, tais como uma cura (Jo 6.2), a transformação da água em vinho (Jo 2.11) e especialmente o milagre mais significativo do Novo Testamento: a Ressurreição de Jesus Cristo. [1]
Estudando meticulosamente os termos que descrevem o evento do milagre, saberemos que cada um deles revela um aspecto do milagre. Ainda, veremos que o milagre é um evento incomum. Ele comunica a confirmação da mensagem divina, através, de uma habilidade poderosa concedida pelo Espírito Santo.
Portanto, professor, você pode definir milagre dizendo que se trata de “uma intervenção divina no curso regular do mundo, que produz um evento objetivo que não ocorreria de outra forma”, Ou seja, é a ação poderosa de Deus intervindo no mundo natural.
Para enriquecer as suas aulas você pode consultar a Teologia Sistemática Vol. 1 de Normam Geisler e a “Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal”; ambas editadas pela CPAD.
Desejamos uma aula edificante a você e aos seus alunos!


[1] GEISLER, Normam. Teologia Sistemática. Vol. 1. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, 42.







sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lição 04 - O Poder irresistível da comunhão da igreja

Texto Bíblico: Atos 2.40-47

Introdução

I. A Comunhão dos Santos
II. A Comunhão Cristã Caracteriza-se Pela Unidade
III. Os Frutos da Comunhão Cristã

Conclusão

KOINONIA: A COMUNHÃO CRISTÃ NUMA DIMENSÃO TERRENA

Prezado professor, uma igreja local dividida não terá êxito em sua jornada terrena e jamais alcançará o objetivo de evangelização mundial. Você tem a oportunidade de desenvolver, nesse domingo, um assunto que foi determinante para o crescimento da Igreja Primitiva em Atos dos Apóstolos: A COMUNHÃO CRISTÃ.
A palavra Comunhão, de acordo com o texto bíblico no original, tem um sentido bem amplo. Proveniente do grego koinê, o termo remetente a essa palavra é KOINONIA. Este expressa os seguintes significados: “participação, quinhão; comunicação, auxílio, contribuição; sociedade, comunhão, intimidade, ‘cooperação’; (nos papiros, da relação conjugal)” . A ideia da palavra é expressar o vínculo perfeito de unidade fraternal dentro de uma comunidade específica cujas características essenciais são a cooperação e o relacionamento mútuo.
A Igreja de Cristo é a reunião de diversas pessoas (diferentes classes sociais, sexos e etnias). Estas formam numa determinada localidade ou espaço público - seja no bairro, no município, no Estado ou até mesmo no país - a “assembleia” visível [a comunidade do Altíssimo] e convocada por Deus para proclamar o Evangelho da salvação a toda criatura. Para atingir este alvo, a comunhão cristã tem um papel preponderante na divulgação das Boas Novas.
Através da koinonia, a Igreja Cristã denotará a relevância do Evangelho de Jesus Cristo a uma sociedade, cuja paz e a verdadeira dignidade humana são seu objeto de busca frequente.
A igreja local está estabelecida nessa sociedade. Aquela precisa ser relevante e autêntica no desenvolvimento de suas ações. Por isso a comunhão do Corpo de Cristo deve transparecer uma realidade visível de amor ao próximo entre os irmãos. Só assim que a sociedade sem Deus reconhecerá a graça acolhedora da igreja local e atentará para a proclamação do Evangelho de Cristo Jesus (At 2.46,47).

Proposta de Atividade Prática

Professor, por estarmos na estação do verão é comum nesse período ocorrerem pancadas de chuvas fortes ao final do dia. Por isso muitas regiões brasileiras são vítimas de enchentes e deslizamentos de terra.
Foi notícia nacional o sofrimento de moradores da região serrana do Estado do Rio de Janeiro (Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo). Entre eles estão vários de nossos irmãos que tiveram suas vidas ceifadas, e, outros que se encontram desabrigados por causa do grande fenômeno natural que lhes sobreveio às semanas passadas. Algumas cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais, e outras regiões, também sofreram com as enchentes e estão com seus moradores carentes de ajudas humanitárias.
Destarte, nossa proposta para essa semana é que você ore por todos familiares das vítimas desses recentes desastres naturais. Ore para que eles identifiquem os seus entes queridos ainda desaparecidos. Mas além de orar, propomos que você mobilize seus alunos com o objetivo de recolher donativos como roupas, materiais de higiene pessoal, alimentos não perecíveis e água potável. São os itens de maior urgência para a população vitimizada por esses desastres.
Procure informações sobre postos de doações em sua cidade. Universidades, Igrejas Locais, Associações, ONGs, etc., estão de plantão em diversas regiões do país recolhendo os donativos para amenizar o sofrimento do nosso próximo.
Para alcançar o objetivo desse trabalho é importante parceria, propósito unânime e comunhão no seu desenvolvimento e execução. Não poderia haver um momento mais natural para colocarmos em prática o que temos aprendido. Deus o abençoe e tenha uma boa aula!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Lição 03 - O Derramamento do Espírito Santo no Pentecostes

Texto Bíblico: Atos 2.1-6,12

Introdução

I. O Batismo com o Espírito Santo
II. Fundamentos do Batismo com o Espírito Santo
III. O Batismo no Espírito Santo na História da Igreja
IV. Os objetivos do Batismo com o Espírito Santo
Conclusão

OS PROPÓSITOS DO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Prezado professor, a palavra-chave da lição desta semana é Batismo. Esta significa, de acordo com o original grego, mergulho ou submersão. O termo “batismo” está inserido na presente lição com o objetivo de compreender seu tema central: O Batismo com o Espírito Santo. A ideia aqui, é explicar a uma pessoa a importância de se mergulhar e encher-se no Espírito Santo de Deus.
O Batismo com o Santo Espírito é a promessa do Pai. Esta é assim chamada, porque Ele providenciou o derramamento prometido conforme o Senhor Jesus falou aos discípulos. A profecia de João Batista, registrada nos quatro Evangelhos, lembra este fato: “Jesus os batizaria com o Espírito Santo” . Esta operação denota a ação da Santíssima Trindade. O Pai envia o Espírito Santo e o Filho participa dessa obra como o batizador .
O Batismo com o Espírito Santo possui uma relação tênue com a evangelização mundial. Em Atos 1.8 essa relação é patente. Por isso, é importante ressaltar que o Batismo com o Espírito Santo tem propósitos claros e definidos:

Ousadia para testemunhar Jesus Cristo (At 1.8,22);
Poder para realizar milagres (At 5.1-11);
Carisma para ministrar à Igreja (At 6.3,5);
Oração em língua para edificação espiritual (1 Co 14.2,4).

1. Testemunhando de Cristo

O Senhor Jesus disse aos discípulos: “... Ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até confins da terra” (At 1.8). Note o pensamento evolutivo do texto! Os discípulos teriam de testemunhar primeiramente numa região pequena (Jerusalém), depois nos distritos maiores (províncias - Judeia e Samaria) e, logo após, ao mundo todo (confins da terra). Em que consistia o testemunho dos discípulos? O teólogo pentecostal, Antony Palma, ajuda-nos a responder:

Quando Jesus disse aos seus discípulos que eles seriam suas “testemunhas”, o pensamento não é tanto que seriam seus representantes, embora isso seja verdade, mas sim que iriam atestar a sua ressurreição. A ideia do testemunho ocorre ao longo do livro de Atos; ela é aplicada geralmente aos discípulos (1.8,22; 2.32; 3.15; 5.32; 10.39,41; 13.31) e especificamente a Estevão (22.20) e a Paulo (22.15; 26.16).

Os discípulos proclamariam a ressurreição de Jesus Cristo! Porém, para evangelizar o mundo eles careciam do auxílio poderoso do Espírito Santo: poder para realizar milagres!

2. Poder para realizar milagres

Em Atos dos Apóstolos, o poder do Espírito Santo é aplicado aos discípulos com o objetivo de legitimar a mensagem do evangelho a pessoas carentes de salvação e esperança:

At 3.1-10 → A cura do homem coxo;
At 9.36-42 A → Ressurreição de mortos (Dorcas);
At 5.19; 12.7-10; 16.23-26 → As libertações milagrosas de Pedro e Paulo;
At 5.1-11; 12.23 → Ananias e Safira; Agripa I são fulminados.

Mas os discípulos, pelo poder do Espírito Santo, ministrariam também à Igreja.

3. Ministrando à Igreja de Cristo

Em seu início, a igreja de Jerusalém estava em contínua expansão. Porém, seus primeiros anos eram marcados por circunstâncias que exigiam discernimento e sabedoria oriundos do Espírito Santo. Os assuntos da Igreja – o engano de Ananias e Safira (At 5.3,7,8); o desentendimento das mulheres de fala aramaica e grega (At 6.1-7); o concílio de Jerusalém (15.28) – não dependiam, somente de sabedoria humana, mas indelevelmente da sabedoria do alto.
O poder do Espírito Santo concedido a Igreja serve, também, para ministrar aos santos individualmente. Por isso, o Santo Espírito disponibilizou um dom para a edificação espiritual do crente: a Glossolalia.

4. Glossolalia: dom de Deus

O termo “glossolalia” deriva do idioma grego glossa (língua) e lalia (falar). Logo, “glossolalia” é o falar em línguas desconhecidas. “É o dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que capacita o crente a fazer enunciados proféticos e de enaltecimentos a Deus em línguas que lhe são desconhecidas” .
De acordo com o teólogo pentecostal Anthony Palma, há pelo menos três razões para o fenômeno das línguas ser ordenado por Deus. A primeira é de cunho histórico. Os fenômenos meterorológicos e atmosféricos registrados em Atos marcam a inauguração da nova aliança de Deus com a humanidade.
A segunda é a ocorrência de glossolalia no dia de Pentecostes, uma festa onde judeus oriundos de várias nacionalidades estavam presentes em Jerusalém. Esse evento marcou o “imperativo missiológico” de Jesus Cristo aos discípulos.
A terceira razão, na perspectiva bíblica, consiste em edificação pessoal. O apóstolo Paulo afirma que a oração em “língua desconhecida” edifica o indivíduo. Segundo Palma, a glossolalia juntamente com o dom de interpretação, edifica a congregação. Porém, sem o dom de interpretação, a língua edifica apenas a pessoa que fala. Ela é um meio de autoedificação espiritual constituída numa oração individual auxiliada pelo Espírito Santo (Rm 8.26).

Prezado professor, finalize a lição dessa semana dizendo que o batismo com o Espírito Santo tem um propósito bem amplo. Muito além das quatro paredes do templo em que cultuamos a Deus. O Senhor Jesus quer mergulhar, submergir e encher os crentes com o Santo Espírito para exercerem, com sabedoria e discernimento, o ministério ordenado por Ele.
Ao desenvolver a presente lição, não esqueça de atentar para os seguintes objetivos:

Definir o Batismo com o Espírito Santo.
Fundamentar, bíblica e historicamente, o Batismo com o Espírito Santo.
Explicar os objetivos do Batismo com o Espírito Santo.



FONTE: www.cpad.com.br

sábado, 8 de janeiro de 2011

LIÇÃO 02 - OS PREPARATIVOS PARA A ASCENSÃO DE CRISTO E SUA INSTRUÇÃO ACERCA DO FUTURO

Texto Bíblico: Atos 1.4-11
Introdução
I. A historicidade da Ascensão de Cristo
II. A teologicidade da Ascensão de Cristo
III. A Ascensão de Cristo em nossa devoção

Conclusão

Dando instruções
Jesus subiu “depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera”. Estas instruções são registradas em várias passagens, como em Lucas 24.44-49; Mateus 28.19,20; Marcos 16.15-18; João 21; e nos versículos 3-8 deste capítulo (At 1). Em que sentido as instruções foram dadas mediante o Espírito Santo? A unção que Jesus recebeu no rio Jordão era ilimitada e permanente. Mediante o Espírito, recebeu poder para seu ministério; forças para enfrentar a cruz (Hb 9.14); foi ressuscitado dentre os mortos (Rm 8.11); e, no Pentecoste, batizou a outros no Espírito. A unção ainda estava sobre ele após a ressurreição.

Mediante manifestações da vida ressurreta
“Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino de Deus” (cf. 1 Co 15.5-8).
Se víssemos um farol que parecesse ficar em pé sobre as ondas, saberíamos que haveria, por baixo da construção, um fundamento de rocha. Durante 19 séculos a Igreja permanece em pé como luz para as nações. Qual o seu alicerce? A única resposta satisfatória é: a ressurreição de Cristo. A fé e a religião viva não podem surgir de um cadáver.
Durante 40 dias Jesus revelou-se aos seus discípulos, aparecendo e desaparecendo. Era como se quisesse levá-los gradualmente a perceber que Ele pode estar presente, no Espírito, embora ausente no corpo. Chegou um momento em que os discípulos sabiam que haviam cessado tais aparecimentos. A partir de então teriam de pregar o Evangelho com plena confiança da presença espiritual de Cristo com eles, conforme Ele mesmo prometera: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Foi a ascensão que convenceu os discípulos da veracidade desta mudança.

Dando uma ordem específica
“E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, [Jo 14.16; Jl 2.28] que (disse ele) de mim ouvistes”. O batismo do Senhor Jesus, no Jordão, foi o sinal para Ele iniciar seu ministério. Assim, também, a Igreja precisava de um batismo que a preparasse a cumprir um ministério de alcance mundial. Não seria o ministério de criar uma nova ordem e, sim, de proclamar aquilo que Cristo já havia realizado. Mesmo assim, só no poder do Espírito Santo poderia tamanha obra ser levada a efeito.
Cristo dirigiu suas palavras a homens que possuíam íntimo relacionamento espiritual com Ele. Já tinham sido enviados a pregar, armados com poderes espirituais específicos (Mt 10.1). A eles fora dito: “Alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc 10.20); sua condição moral já tinha sido definida com as palavras: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15.3). Seu relacionamento com Cristo foi ilustrado mediante a figura da videira e dos ramos (Jo 15.5). Eles já conheciam a presença do Espírito nas suas vidas (Jo 14.17); já tinham sentido o sopro do Cristo ressurreto quando ele lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”.
Mesmo assim deviam esperar a promessa do Pai! Isto nos mostra a importância deste revestimento.

Sobre o futuro
“Aqueles pois que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” Os apóstolos, como seus compatriotas, tinham associado o ministério do Messias com o imediato e visível aparecimento do Reino de Deus, com um estrondo de força material em fulgor externo (Lc 19.11; 24.21). Conceitos do Reino, mais terrestres do que celestiais, afetavam suas condutas e os levaram às disputas ambiciosas. Cada qual visando à preeminência. Boa parte dos ensinos de Cristo visava limpar a mente deles de falsos conceitos acerca do Reino. No entanto, só o tremendo choque do Calvário conseguiu tirar-lhes as ilusões com respeito a um reino material. Agora, sendo instruídos pelo Cristo ressurreto, entendiam melhor o seu Reino. Contudo, seus corações judeus ainda impulsionam a perguntar: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” Ainda pensavam em termos de uma só nação. O Senhor, em resposta, fez com que erguessem seus olhos para ver todas as nações. Esta resposta contém quatro lições:
1. A estreita limitação do conhecimento humano acerca do futuro. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações...” Existem muitas coisas que nossas mentes querem perscrutar, mas pertencem exclusivamente a Deus (cf. Dt 29.29; Mc 13.33; 1 Co 13.9; 1 Jo 3.2).
2. As mãos seguras que dirigem o futuro. Os tempos e épocas estão nas mãos de Deus: “O Pai estabeleceu pelo seu próprio poder” (cf. Mc 13.32). Embora não saibamos o futuro com respeito aos eventos mundiais e às nossas vidas, não precisamos ficar ansiosos. O desconhecido fica muito bem nas mãos do Mestre.
3. Forças suficientes para enfrentar o futuro. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” Poder para enfrentar o futuro – isto vale muito mais do que detalhados conhecimentos sobre o porvir.
4. O dever prático com respeito ao futuro. “E ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém com em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. Estas palavras definem o ministério primário de cada crente: ser testemunha da pessoa de Jesus, daquilo que Ele fez para os homens e para a própria testemunha. “Testemunhar” é um dos conceitos fundamentais do livro de Atos (ver 1.22; 10.39,41-44; 13.31; 4.33; 22.15; 26.16). 

Texto extraído da obra “Atos E a Igreja se Fez Missões”. Rio de Janeiro: CPAD.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

LIÇÃO 01 - OS ATOS DO ESPÍRITO SANTO NA VIDA DA IGREJA

Autor: Esdras Costa Bentho

1. Título

O título Atos dos Apóstolos (gr. Prakseis Apostolōn) não aparece no conteúdo da obra. Tertuliano chamava-o de “O memorando de Lucas” e o Cânon Muratoriano de “Os atos de todos os apóstolos”. Todavia, a designação do livro, como atualmente consta em nossas Bíblias, não reflete o seu conteúdo. O título indica que os atos dos Doze Apóstolos do Cordeiro serão descritos, no entanto, apenas Pedro e Paulo são proeminentes. Pedro ocupa os doze primeiros capítulos, enquanto Paulo os capítulos 13 a 28. Menciona-se as atividades de Pedro (1.1–12.24), Estêvão (6.1–7.60), Filipe (8.4-39) e Paulo (13.1–28.31). Nada se acrescenta aos atos dos demais apóstolos. Esta é uma das razões pelas quais o teólogo pentecostal Stanley Horton, considerando as ações do Espírito Santo no livro, designa-o como “Atos do Senhor Ressuscitado pelo Espírito Santo na Igreja e Através Dela”1. Outros biblicistas sugeriram “Atos do Espírito Santo” e “História do Poder do Espírito Santo entre os Apóstolos”.
Contudo, o professor deve entender que nos primeiros séculos da era cristã, o termo grego “atos” (prakseis, πράξεις), era usado tecnicamente para descrever os atos ou feitos heróicos de um povo. Assim, o título Prakseis Apostolōn foi empregado para designar as atividades desenvolvidas pela Igreja através dos apóstolos, em vez de referir-se às atividades de todos os apóstolos.

2. Autor

Lucas é o autor do livro de Atos. Ele é chamado de “médico amado” (Cl 4.14), “cooperador” (Fm 24) e indiretamente de “amigo” (2 Tm 4.11).Ele é o mais erudito dentre os quatro evangelistas. Enquanto Mateus e Marcos, por exemplo, lustram seus escritos com verve aramaica e semítica, o “médico amado” emprega um grego escorreito muito próximo do ático, mas que deve ser interpretado mais corretamente como o koinē literário. O prefácio das obras Lucas-Atos é um monumento literário cravado no coração dos Evangelhos, nada a dever em estilo, exatidão e beleza aos imortais escritos helênicos. Por conseguinte, o Santo Evangelho de Lucas forma uma unidade com Atos dos Apóstolos. Vejamos:

a) Atos refere-se ao Evangelho de Lucas como “o primeiro tratado” (prōton logon), At 1.1;
b) Atos foi endereçado ao mesmo gentio ilustre do terceiro Evangelho: “Teófilo” (At 1.1 cf. Lc 1.1);
c) Atos continua a partir do ponto onde o Evangelho de Lucas encerrou (At 1.1-5 cf. Lc 24.36-53);
d) Atos traz a humilde assinatura de Lucas no emprego do pronome “nós”: “procuramos”,”estivemos”, “saímos”, “assentamo-nos”, “falamos”, etc. (At 16.10-17; 20.15–21.18; 27.1–28.16);
e) Atos enfatiza a obra do Espírito Santo assim como o Evangelho de Lucas.

A autoria de Lucas nunca foi posta seriamente em dúvida. A obra alemã Sinopse dos Quatros Evangelhos, editada pelo erudito Kurt Alam, cita trechos do prólogo antimarcionita que diz: “Lucas é um sírio de Antioquia, médico por profissão, discípulo dos apóstolos e companheiro de Paulo até seu martírio. Serviu ao Senhor até o fim de seus dias, solteiro, sem filhos, faleceu aos 84 anos na Beócia, cheio do Espírito Santo”.2
3. Ocasião do escrito

O Evangelho que fora apresentado a Teófilo com a narração dos eventos que antecederam e sucederam o nascimento de Jesus, adornado por seus ensinos e milagres e dramatizado através da paixão de Cristo, chega ao clímax com a ressurreição e ascensão do Filho de Deus. Para manter a unidade entre os dois documentos, o prefácio do livro de Atos dos Apóstolos retoma a via literária que encerra o Evangelho. No prólogo de Atos, Lucas sintetiza os propósitos da primeira obra, reafirmando a metodologia empregada em Lucas-Atos (Lc 1.1-4; At 1.1-5), e retoma, após o prefácio, o tema que segue em Atos 1.6,12s. A perícope é quase um pós-escrito do primeiro Evangelho. O evangelista emprega estilisticamente no versículo 6 a conjunção subordinativa men (μὲν) para interpor um trecho (6-11) subordinado também à narrativa de Lucas 24.44-51. O anúncio da promessa (epangelia, ε̉παγγελία) e virtude (dynamis, δύναμις) do Espírito, sumariada em Lucas 24.49, é ampl̉iado em Atos 1.4-11. O verseto 12, por meio do advérbio então (tote, τότε), insere também o parágrafo na mesma sequência do epílogo do Evangelho.

4. Características Especiais

O livro de Atos dos Apóstolos é o primeiro documento cristão primitivo a descrever o surgimento e a expansão da Igreja – do cumprimento da promessa do Espírito até a expansão do evangelho em Roma – cobrindo um período de cerca de 40 anos. Esse fato já seria suficiente para outorgar a obra um lugar privilegiado entre os documentos historiográficos mais importantes de nosso mundo, no entanto, Atos destaca-se em:

Vocabulário: É rico e vivaz, com cerca de oitocentas palavras não usadas por outros letrados do Novo Testamento. O biblicista Rinaldo Fabris afirma que 90% do vocabulário de Atos se encontra na Septuaginta; 85% em Plutarco e 65% no grego dos papiros.3

Edição e revisão: Registre-se o fato de o literato ter revisado, editado e adaptado os discursos e os fatos que se propôs a narrar. O cálamo do autor pulsa semelhante às impressões e ao impacto que a história exerce sobre ele. Lucas não se detém como os impressionistas, mas análogo aos realistas, evita o exagero, as minudências, as ocorrências dramaticamente irrelevantes a fim de não empobrecer o tonus da ação. A obra é intensa e densa. Os fatos desenvolvem-se com muita rapidez e as ações do Espírito, através dos apóstolos, assinalam o ritmo e a frequência com que novos eventos são acrescentados à narrativa. Todavia, a densidade da obra compacta os eventos assinalados e à vagareza com que se costuma ilustrar a história, cede espaço à força da linguagem e à síntese dos fatos.

Exatidão histórica: O historiógrafo pontua os primeiros quarenta anos do Cristianismo com os nomes e alguns fatos episódicos da história secular. Diferente dos outros três evangelistas, Lucas traça um breve paralelo com o governo de certos imperadores romanos: César Augusto (Lc 2.1), Tibério César (Lc 3.1), Cláudio César (At 11.28; 18.2), e Nero, o César de Atos 16.11,21. Há de se acrescentar em Lucas 1.5 o rei da Judéia, Herodes, o Grande, ainda em 2.2, Cirênio, governador da Síria. A exatidão histórica de Lucas impressiona os eruditos mais exigentes. F.F.Bruce a respeito da verve historiográfica de Lucas afirmou: “O escritor que dessa forma relaciona a própria narrativa com o contexto mais amplo da história secular se expõe a sérias dificuldades, se não é bastante cuidadoso; oferece ao leitor crítico tantas oportunidades para testar-lhe a exatidão. Lucas enfrenta esse risco e sai-se muito bem”.4

Estilo literário. A obra de Atos dos Apóstolos mistura formas clássicas com o dinamismo do idioma koinē, a língua popular. A linguagem que acompanha a elegância do estilo lucano reflete influências recebidas da Septuaginta e da doutrina dos apóstolos. Lucas estrutura a narrativa de Atos empregando gêneros também presentes em seu Evangelho: relatos de milagres – onde apresenta a confirmação da ação e orientação divinas sobre os atos dos apóstolos –; itinerário de viagens – descrição objetiva do deslocamento dos apóstolos no cumprimento de At 1.8 –; descrições dramáticas – relatos dos episódios e fatos dramáticos que cercaram a pregação do evangelho –; discursos querigmáticos – seções que tratam do anúncio da mensagem cristã –; sumários – sínteses padronizadas do avanço missionário –; repetições – como por exemplo, a conversão e vocação de Paulo (At 9.1-31; 22.1-21; 26.9-18). Uma característica singular de Atos é o díptico ou simetria histórica entre Pedro e Paulo. Veja a tabela.

Pedro
Paulo
Primeiro sermão (2.14s)
Primeiro sermão (13.16s)
Cura de um coxo (3.2s)
Cura de um coxo (14.8s)
Simão, o mágico (8.18s)
Elimas, o mágico (13.8s)
A sombra de Pedro (5.15)
O lenço de Paulo (19.12)
A imposição das mãos (8.17)
A imposição das mãos (19.6)
Pedro adorado (10.25)
Paulo adorado (14.11-13)
Ressurreição de Tabita (9.40)
Ressureição de Êutico (20.9,10)
Prisão de Pedro (12.3,2)
Prisão de Paulo (28.30)

Lucas organizou as atividades apostólicas de tal forma que a relação entre os atos de Pedro e os atos de Paulo são postos paralelamente. Existe também uma relação simétrica entre os Evangelhos e Atos dos Apóstolos. Os Evangelhos descrevem o Filho do Homem que se encarnou para morrer pelos pecadores. Já o livro de Atos, mostra a vinda do Filho de Deus no poder do Espírito Santo. Os Evangelhos apresentam o que Cristo começou a fazer e a ensinar. Atos dos Apóstolos descreve o que Jesus continuou fazendo através do Espírito Santo, por meio dos discípulos. Nos Evangelhos Jesus é apresentado como o Salvador crucificado e ressuscitado, mas em Atos Cristo é descrito como o Senhor Exaltado. Por fim, nos Evangelhos ouvimos os ensinos de Jesus, mas em Atos os efeitos dos ensinos de Jesus na vida dos apóstolos.

Estrutura

Atos dos Apóstolos oferece várias estruturas ao estudioso. Tudo depende da perspectiva do biblicista e a ênfase que ele deseja destacar na obra. Como se trata de um livro cujo objetivo é descrever o cumprimento e desenvolvimento da missão cristã conforme o itinerário estabelecido em Atos 1.8, preferimos estruturar o livro de acordo com o sumário estabelecido pelo autor em 1.8:
A Expansão da Igreja em Atos (1.8)
1. Expansão da Igreja em Jerusalém (6.7);
2. Expansão da Igreja por toda Palestina (9.31);
3. Expansão da Igreja até Antioquia (12.24);
4. Expansão da Igreja até Ásia Menor e Galácia (16.5);
5. Expansão da Igreja na Europa (19.20);
6. Expansão da Igreja até Roma (28.31).5







MATERIAIS AUXILIARES PARA O PROFESSOR

Comentários
PEARLMAN, M. Comentário bíblico: Atos. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
ARRINGTON, F.L. (ed.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Geografia Bíblia
ANDRADE, C. Geografia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
DOWLEY, T. Pequeno atlas bíblico: Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Biografia
CHOWN, G. O Espírito Santo na vida de Paulo: Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
Igreja Primitiva
BENTHO, Esdras. Igreja: Identidade e Símbolos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Jograis
Um anjo na prisão (libertação de Pedro). In: Resende, M.J. Jograis e representações evangélicas. 18.ed., Rio de Janeiro: CPAD,2004, p.76, vl.2.
Ele viu os céus (martírio de Estêvão). In: Resende, M.J. Jograis e representações evangélicas. 18.ed., Rio de Janeiro: CPAD,2004, p.86, vl.2.
Uma luz na estrada (conversão de Paulo). In: Resende, M.J. Jograis e representações evangélicas. Rio de Janeiro: CPAD,1992, p.121, vl.1.
Software
Bíblia Digital Glow Pentecostal. CPAD, 2010.


NOTAS

1. HORTON, Stanley M. O livro de Atos. São Paulo: Vida, 1990, p.9.
2.ALAND, Kurt. Synopsis Quattuor Evangeliorum: Locis parllelis evangeliorum apocryphorum et patrum adhibitis edidit. Editio tertia décima revisa, Deutsche Bibelgesellschaft: Stuttgart, 1985, p.533.
3. FABRIS, R. Os Atos dos Apóstolos. São Paulo: Edições Loyola, 1991, p.17.
4. BRUCE, F.F. Merece confiança o Novo Testamento? São Paulo: Vida Nova, 1965, p.107.
5. Ver CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Candeias, [?] vl. III, p.9.

Fonte: www.cpad.com.br